Paroxetina na gravidez | Page 2 | De Mãe para Mãe

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Paroxetina na gravidez

Seg, 06/07/2015 - 02:18
Ginecologia e obstetricia
cspc83 offline

Boa noite Exmos. Srs. Drs.,

venho por este meio recorrer novamente a vós na esperança de palavras mais firmes e talvez, mais tranquilizadoras relativamente ao meu assunto. Já vos havia deixado esta mesma questão há umas semanas mas não obtive qualquer resposta, por isso tento novamente a minha sorte!
O meu nome é Cláudia, tenho 31 anos, sou profissional de saúde e desde os 12 anos que sofro de severos ataques de pânico. Os meus ataques de pânico podem surgir repentinamente, como por exemplo, fazerem-me acordar a meio da noite, como podem igualmente ser despoletados por uma situação de stress, que muitas vezes nem necessita de ser extremo. Durante os ataques de pânico, fico com sudorese profusa; bradicardia acentuada na ordem dos 3-4 ciclos por minuto; parestesias nas extremidades que posteriormente resultam em distonias extremas em que mais pareço uma contorcionista, inclusive nos músculos da face; perda de controle de ambos os esfincteres; náuseas; diarreia e prostração severa... posto isto, estou medicada com paroxetina desde os 17 anos...medicação da qual nunca me consegui livrar nem, inclusivamente, substituir por outra menos nociva.
Actualmente estou grávida de 11semanas e 3dias (gravidez não planeada, mas agora desejada) e faço meio comprimido de paroxetina 20mg, portanto 10mg, em dias alternados, e tomo-os sempre após uma boa refeição de forma a que este seja ainda menos absorvido pelo organismo. A verdade é que sei que pertence à classe D segundo a F.D.A., que é teratogénico, essencialmente a nível cardíaco, fora todos os problemas para além destes, que podem provocar no feto em diversos sistemas antes e após o nascimento,etc.
Ter este conhecimento é angustiante e apesar de ter opiniões de 4 clínicos diferentes, nenhum está de acordo com o outro e apenas a minha médica de família está descontraída com a situação, pois tanto a minha médica de psiquiatria, como a minha obstetra e a médica que conheci na consulta de DPN para a qual fui encaminhada, não concordam propriamente com o facto de eu tomar paroxetina, embora acabem por se "render" ao factor risco-benefício...o que a mim não me suscita confiança, não me conforta, não me tranquiliza, pelo contrário...
A questão é que, já tentei o desmame inúmeras vezes ao longo dos últimos oito anos, já tentei, igualmente, a substituição do fármaco e sempre sem sucesso, pois assim que a dose reduz demasiado, os sintomas e os ataques tornam-se mais frequentes, situação que infelizmente estou a experienciar novamente, pois a pressão de não poder tomar o fármaco, mas de também não poder ter um ataque de pânico deste calibre (situação que não controlo), o que pode pôr em risco a própria sobrevivência do feto, é algo que está a afectar-me a cada minuto do dia... Não consigo pensar noutra coisa e tudo o que queria era pelo menos saber de uma gravidez que tivesse sido bem sucedida com paroxetina e sem qualquer efeito nocivo para o bebé...
Antes de saber que estava grávida fazia meio comprimido (10mg) por dia e sabia que se necessitasse podia sempre aumentar a dose, mas quando soube que estava grávida, às 6 semanas, reduzi, sob supervisão da médica de psiquiatria, os mesmos 10mg mas em dias alternados. No entanto, nunca estive com uma dose tão reduzida e além disso, a pressão de saber que não tenho ali aquela muleta do fármaco para poder tomar pelo menos um comprimido inteiro de vez em quando, e que ao mesmo tempo e sem depender do meu controle, também não posso ter um ataque de pânico, está a deixar-me literalmente desesperada. Estou à espera de iniciar (novamente) psicoterapia através do centro de saúde, mas a lista de espera é vasta e já se passaram mais de um mês em que, dia-a-dia a minha situação se agrava mais e, temo, tanto por mim, como especialmente pelo Ser que vem a caminho e que, se realmente sente o que a mãe sente, já está tão precocemente em agonia e sofrimento. Tudo o que eu mais queria era livrar-me deste problema que fez de mim, a partir dos 12 anos uma criança diferente, e que faz agora, aos 31 anos uma grávida também diferente... Sinto que o bebé dentro de mim não está seguro e, pensar que ainda faltam 6 meses e meio até ele vir ao mundo e estar finalmente em segurança, longe do químico do qual a mãe é dependente...é simplesmente desesperante...!
Aguardo ansiosamente com esperança uma resposta/opinião vossa...
Um muito obrigada antecipadamente,
Cláudia C.

Marcela Forjaz

Olá Cláudia,

Não há motivo para tanta angústia e preocupação. Infelizmente o quadro que refere é frequente – e digo infelizmente porque é sintomático do tipo de vida que hoje se leva e de como as pessoas se sentem inseguras no dia a dia - . Perante isto, era impensável impedir as mulheres em idade fértil de cumprirem o seu desejo de viverem a maternidade por apresentarem este tipo de distúrbios e por terem de ser medicadas. Se fossem impedidas de engravidar, causava-se-lhes ainda mais motivos de se sentirem infelizes ou ansiosas, além de se tratar de uma atitude prepotente e não ética...Também não seria viável, uma vez que se lhes permite a gravidez, fazê-lo contra a moeda de troca de suspenderem toda a medicação. Correr-se-ía o risco de ter grávidas ansiosas, angustiadas, deprimidas, à mercê das suas crises de pânico...Não duvidando que estariam felizes por cumprir o seu projecto de maternidade, esses pensamentos agradáveis e reconfortantes não são, no entanto, suficientes para resolver de forma definitiva os seus problemas. Se assim fosse, racionalmente seriam então capazes de lidar com as suas crises e afinal não precisariam de medicação para nada – o que não é o caso.
Esta introdução toda para que a Cláudia perceba que , embora esse ou outro fármaco sejam classificados como D, muitas vezes temos que os utilizar sob o argumento de que, como diz, os benefícios ultrapassam os riscos, e acaba por ser a nossa prática clínica, pela enorme frequência com que temos que os utilizar, que nos diz que os riscos são mínimos. Não seria ético fazer estudos com humanos, mas a verdade é que as circunstâncias nos levam a “arriscar” repetidamente de tal forma que acabamos por ir concluindo que afinal o fármaco é mais seguro do que estava descrito.
Assim, o que tenho a dizer-lhe é que se for necessário volta a utilizar a paroxetina na dose que fazia antes; se conseguir manter-se confortável com a dose que faz agora, óptimo, mas saiba que tem “plafond” para aumentar a dose. Tenho tido já muitas grávidas a fazer a paroxetina sem danos para os bebés até à data e, no caso de mesmo assim ficar com alguma reserva, pode sempre pedir para fazer um ecocardiograma fetal. Mais: mantenho a medicação mesmo após o parto sem impedir a amamentação, pois se já passava uma fracção do fármaco par ao bebé, continuará a passar e ele fará um “desmame” natural do fármaco quando começar a diminuir o número de mamadas e iniciar a diversificação alimentar (pois terá assim uma diminuição natural e gradual da dose).
Espero ter respondido às suas dúvidas...e desejo-lhe as maiores felicidades!

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Sex, 19/02/2021 - 12:37
Ginecologia e obstetricia
Filipa Comba offline

Bom dia,
É possivel ovular com a primeira cartela da pilula?
Já não tomo pilula à 8 anos..

Qui, 18/03/2021 - 19:55
Ginecologia e obstetricia
Ana Ritav offline

Boa tarde!
Estou grávida de 27s.
Posso usar aloe vera diretamente na pele?
Faço com facilidade cieiro no interior das coxas derivado à fricção ao caminhar e antes de engravidar passava a "baba" da folha da aloe vera. Gostaria de saber se agora que estou grávida posso continuar a aplicar quando necessário.
Obrigada!

Ter, 01/12/2020 - 14:30
Ginecologia e obstetricia
R Sofia Lucas offline

Boa tarde,
Estou a tentar engravidar há muito tempo e começando a sentir alguma ansiedade, dou por mim a privar-me, na fase lútea, de fazer algumas coisas que penso poderem fazer mal, caso tenha conseguido engravidar naquele ciclo.
Uma delas é o yoga, o qual já pratico há algum tempo e adoro mas sinto-me sempre receosa em algumas posições, com medo de estar a prejudicar alguma coisa, caso esteja (finalmente) grávida.
Conseguem esclarecer-me quanto à possibilidade de existir de facto algum risco?

Obrigada!

Ter, 10/11/2020 - 15:19
Ginecologia e obstetricia
Andreia Santos8 offline

Quando recebi o resultado do meu teste de gravidez positivo marquei prontamente uma consulta, a uma doutora que não era a minha médica, no entanto para saber se estava tudo bem o quanto antes fui. Pelos meus cálculos estaria de 5 semanas, agora 6. É a minha primeira gravidez. A doutora não me pesou, não falou sobre cuidados da alimentação, nada de especial, apenas disse que notava um ligeiro descolamento do saco gestacional e receitou-me progesterona. Não me informou muito sobre o que isso significava, apenas disse que havia possibilidade de aborto, ao que fiquei um pouco assustada. Tomo a medicação e tomei a liberdade também de deixar de fazer esforços, após alguma pesquisa online, visto que a doutora não me perguntou qual o meu trabalho, e visto que o mesmo envolve algum esforço físico. A minha questão neste contexto é, sendo um descolamento ligeiro, posso ficar mais ou menos descansada tendo em conta o meu cuidado, é muito grave ou poderá ser? E como funciona a primeira consulta de uma gestante pela primeira vez?

Seg, 09/03/2020 - 16:14
Ginecologia e obstetricia
Sérgio977 offline

boa tarde,

gostaria de saber se agora com isto do novo vírus existe algum problemas para as mamas gravidas e para os fetos.

Seg, 29/06/2020 - 07:03
Ginecologia e obstetricia
Rita Matos Dias offline

Bom dia. Fiz um teste ontem e estou gravida de 6 semanas (relativamente à data da ultima menstruaçao). Estou super ansiosa e nervosa porque nao sabia que estava gravida, e tive varios jantares e festas na semana passada em que bebi bastante alcool. O que devo fazer? Nem consigo dormir so de pensar que posso ter feito algo errado. Pode ter tido algum impacto para o desenvolvimento do bebe? Quais as consequencias? Costumo ser super responsavel e por isso estou me a sentir muito culpada.

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