
Se sofre de diabetes e pretende engravidar, deve antes de mais aconselhar-se com o seu médico. Certamente que obterá um esclarecimento acerca dos riscos e das medidas que deve tomar para a proteger dos riscos inerentes a esta condição, no entanto saiba que tudo é possível.
O que é a diabetes?
A diabetes é uma doença que impede o corpo de utilizar adequadamente os alimentos ingeridos. Usualmente os alimentos ingeridos vão para o estômago, onde os amidos e os açúcares entram na corrente sanguínea sob a forma de glicose, transformando-se numa fonte de energia. O corpo usa a hormona da insulina para transportar a glicose da corrente sanguínea para os músculos e outras partes do corpo. A insulina é produzida pela glândula chamada pâncreas (localizada atrás do estômago). A insulina é vital para que a glicose chegue às células do organismo, para poder ser usada como combustível. Se a insulina não existir, a glicose acumula-se no sangue, e acaba por passar para a urina através dos rins, sendo isto a diabetes.
Tipos de diabetes
Existem vários tipos de diabetes, sendo os mais graves os diabetes preexistentes que podem ser de dois tipos:
- Tipo I (diabetes mellitus insulinodependentes). Neste caso o pâncreas não produz insulina suficiente para transportara a glicose.
- Tipo II (diabetes mellitus não insulinodependentes). Com a idade o corpo ganha uma resistência à insulina, não a podendo usar com eficiência. Este tipo de diabetes começa com sintomas como: necessidade frequente de urinar, sede fora do comum, boca seca.
Gravidez e diabetes, o que acontece?
A gravidez tem a característica de tornar o organismo resistente à insulina, pois a placenta liberta hormonas que anulam o efeito da insulina. De forma a colmatar este problema, numa comum gravidez o corpo produz o dobro da insulina; mas se o pâncreas não conseguir produzir insulina suficiente, e se já sofrer de diabetes pré-existente, poderá piorar a sua condição dando origem à diabetes gestacional.
Numa primeira fase da gravidez é comum analisar a urina de forma a verificar a presença da glicose. Mas como é comum numa gravidez existir glicose na urina, é aconselhado fazer mais do que uma análise para poder diagnosticar a diabetes com maior segurança.
Riscos da diabetes na gravidez
É essencial que se o resultado da diabetes for positivo, esta deve ser muito bem controlada durante a gravidez, pois de outra forma a mãe e o bebé correm graves riscos de saúde.
Riscos para a mãe gestante
Para uma grávida que sofra de diabetes, o risco de aborto espontâneo é muito maior, bem como o risco de pré-eclampsia, infecções no sistema urinário e no sistema respiratório. Usualmente é também aconselhado um parto através de cesariana.
Riscos para o bebé
O excesso de glicemia pode penetrar na placenta e, por sua vez, no feto causando-lhe malformações, especialmente ao nível dos órgãos internos. Podem dar-se malformações como a espinha bífida, malformações a nível do esqueleto, deficiências cardíacas, entre outras. Numa mãe diabética existe também um risco maior do bebé morrer durante o último trimestre, ou mesmo nas primeiras semanas depois do parto. Para além disso, o recém-nascido pode sofrer de sindroma de dificuldade respiratória de recém-nascido e de icterícia.
No entanto, um bebé que nasça de uma mãe que sofra de diabetes, não tem de nascer com diabetes. Contudo se as diabetes da mãe não forem controladas durante a gravidez, o bebé pode rapidamente desenvolver um baixo nível de açúcar no sangue logo depois de nascer, tendo o bebé de ser mantido em observação até ao seu pequeno corpo se ajustar à quantidade de insulina que produz.
Gerir a diabetes antes e durante a gravidez
Controlar a diabetes antes e depois da concepção é essencial. Antes de decidir engravidar deve conversar com o seu médico assistente acerca da melhor forma de controlar a diabetes numa fase pré-concepcional. Este tipo de cuidado é essencial para reduzir riscos associados à diabetes como gerar um feto com malformações congénitas como a espinha bífida.
Acompanhamento e procedimentos de uma gravidez com diabetes
O seu médico assistente deve, em conjunto com uma equipa médica (oftalmologista, obstetra, especialista em diabetes, nutricionista), seguir e controlar o seu caso. Cada especialista irá controlar áreas específicas que podem ser cruciais quando se sofre de diabetes, bem como ajudar a manter um nível de glicemia o mais normal e regular possível. Para tal deverá incorrer em procedimentos como:
- Controlo frequente da glicose no sangue (pode ser feito pessoalmente).
- Ajustamento da dose de insulina, caso seja necessário.
- Controlar o regime alimentar tendo em conta que deve ter uma dieta baixa em açúcares e gorduras, rica em fibras, fazer refeições regulares, tudo de forma a manter o nível de glicemia controlado.
- Verificar se existe alguma lesão na retina ocular.
- Fazer diversas ecografias, incluindo uma ecografia precoce para poder datar a gravidez, ecografias regulares para acompanhar o crescimento do bebé e a quantidade de liquido amniótico (excluir a hipótese de poli-hidrâmnios comum na gravidez diabética), e uma ecografia morfológica às 20 semanas de gravidez para verificar os riscos de malformações estruturais do bebé.
- Durante o parto, que será induzido ou feito por cesariana, poderão ser necessárias infusões intravenosas de insulina para controlar a glicemia.