
A notícia da chegada de um bebé está associada a diferentes temas e preocupações e, nos últimos anos, a criopreservação das células estaminais passou a ser, também, um tema a considerar e debater.
Este é um assunto que ainda suscita muitas dúvidas aos pais, por isso reunimos, neste artigo, um conjunto de perguntas frequentes (para as quais temos resposta!):
O que são células estaminais?
As células estaminais são células com capacidade para originarem células especializadas, que constituem os tecidos e órgãos do nosso corpo e que cumprem a sua função específica. Para além de estarem no sangue periférico, na medula óssea e no tecido adiposo, as células estaminais podem ser encontradas, também, no cordão umbilical.
As células estaminais do sangue do cordão umbilical (células hematopoiéticas) são semelhantes às que se encontram na medula óssea e são responsáveis por darem origem às células do sistema sanguíneo e imunitário. Por outro lado, as células estaminais do tecido do cordão umbilical (células mesenquimais) podem diferenciar-se em cartilagem, osso e músculo, entre outros tecidos.
Em que consiste a criopreservação de células estaminais?
A criopreservação consiste em conservar as células estaminais por longos períodos de tempo, a baixas temperaturas (-196ºC), sem que estas percam a sua viabilidade.
A criopreservação permite, então, que as células estaminais estejam disponíveis a qualquer momento, podendo ser descongeladas e utilizadas em caso de necessidade, no tratamento de várias doenças.
O parto é o único momento em que é possível colher as células estaminais do cordão umbilical. Por este motivo, é importante refletir sobre esta decisão durante a gravidez, pois no caso de decidir guardar as células estaminais, no momento do parto deverá ter consigo o kit de colheita. Quando os pais optam por não guardar as células estaminais do cordão umbilical, estas serão descartadas no hospital.
As células estaminais do sangue e do tecido do cordão umbilical são armazenadas durante 25 anos, pois é este o período em que, de acordo com os estudos mais recentes, a viabilidade celular é assegurada.
Quais os benefícios?
As características das células estaminais permitem a reparação de tecidos danificados e a substituição das células que vão morrendo, sendo, por isso, tão importantes no tratamento de diversas doenças.
A criopreservação de células estaminais do sangue do cordão umbilical permite o acesso a uma possibilidade de tratamento que, em comparação com as fontes alternativas (a medula óssea e o sangue periférico) tem várias vantagens:
- Maior aceitabilidade no grau de compatibilidade HLA entre dador e doente.
- Menor risco de doença do enxerto contra hospedeiro (GVHD).
- Disponibilidade imediata das células para transplantação.
- As células, colhidas no momento do parto, não foram expostas a agressões a que outras são sujeitas ao longo da vida, pelo que é menor o risco de terem mutações genéticas causadoras de doenças.
O sangue do cordão umbilical é facilmente colhido após o parto, num processo indolor que não apresenta qualquer risco para a mãe ou para o bebé.
É importante, também, referir que existem limitações. Por um lado, o número de células estaminais recolhidas pode ser inferior ao necessário para um tratamento, pois depende sempre do volume de sangue existente no cordão umbilical, e, por outro lado, a recuperação após o transplante é habitualmente mais demorada (também por causa do número de células disponíveis).
Quais as doenças tratadas com células estaminais?
As células estaminais do sangue do cordão umbilical já foram utilizadas no tratamento de mais 80 doenças. Assim, as famílias que optam por fazer a criopreservação dispõem de uma opção terapêutica adicional em caso de necessidade para o próprio dador ou para um familiar compatível.
A lista de doenças tratadas com células estaminais do sangue do cordão umbilical inclui casos de sucesso em doenças oncológicas, hemoglobinopatias, doenças metabólicas, imunodeficiências, deficiências medulares e outras doenças, como a osteopetrose.
Existem casos de sucesso em Portugal no âmbito dos tratamentos feitos com células estaminais?
Os transplantes de células estaminais do sangue do cordão umbilical têm dado passos seguros no nosso país. O primeiro transplante de células estaminais foi feito no IPO de Lisboa em 1994 – Inês tinha leucemia e, no transplante, foram utilizadas as células estaminais do seu irmão mais novo. Aos 22 anos, a leucemia ficou para trás e Inês apenas tem de visitar o IPO uma vez por ano, para exames de rotina.
Em Portugal, o primeiro banco familiar de criopreservação de células estaminais iniciou a sua atividade em 2003, foi a Crioestaminal, e hoje pertence ao maior Grupo Europeu de Células Estaminais e que conta com a confiança de mais de 400.000 mil famílias, 72 tratamentos realizados com células estaminais do sangue do cordão umbilical, 10 dos quais em crianças portuguesas, conheça os casos destas crianças aqui.