Criopreservar as células estaminais do bebé é importante? | De Mãe para Mãe

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Criopreservar as células estaminais do bebé é importante?

Cada vez mais pais optam por guardar o sangue do cordão umbilical dos seus filhos. A comemoração do dia mundial do sangue do cordão umbilical, no próximo dia 17 de novembro, dá o mote para o esclarecimento acerca da importância desta valiosa fonte de células estaminais, com resposta às mais importantes questões sobre este tema!


Afinal, o que torna o sangue do cordão umbilical tão especial?

O sangue do cordão umbilical é rico em células estaminais hematopoiéticas, como as que existem na medula óssea, que são capazes de produzir todas as células do sangue e do sistema imunitário.


Como é usado o sangue do cordão umbilical em medicina hoje-em-dia?

O sangue do cordão umbilical, à semelhança da medula óssea, é usado como uma fonte de células estaminais hematopoiéticas para transplante. Em caso de doença grave, que requeira a realização de um transplante para reconstituir o sistema hematopoiético – isto é, para criar uma nova fábrica de células do sangue e do sistema imunitário – podem usar-se as células do sangue do cordão umbilical para transplante.

Que doenças é possível tratar com um transplante de sangue do cordão umbilical?

Os transplantes de sangue do cordão umbilical, como os de medula óssea, são úteis para tratar mais de 80 doenças, como leucemias, linfomas, vários tipos de anemias, talassemias, doenças metabólicas e imunodeficiências. Muitas vezes a única forma de curar estes doentes ou salvar a sua vida é através de um transplante hematopoiético.

Com que frequência se realizam transplantes hematopoiéticos?

Apesar de serem doenças raras, a realidade é que são realizados mais de 40 mil transplantes hematopoiéticos por ano, só na Europa. A maioria dos transplantes é feita com células estaminais do próprio doente, eliminando problemas de compatibilidade e rejeição. Em casos em que não é possível utilizar células estaminais do próprio, estas devem provir de um dador compatível, se possível um familiar, para aumentar as probabilidades de sucesso do transplante.

Em Portugal são realizados transplantes de sangue do cordão umbilical?

O sangue do cordão umbilical está a ser usado na prática clínica desde 1988, data do primeiro transplante. Desde então, mais de 45 mil transplantes foram já realizados em todo o mundo. Em Portugal, o primeiro transplante de sangue do cordão umbilical aconteceu em 1994, no IPO de Lisboa. Dados oficiais mostram que, entre 2002 e 2019, foram realizados mais de 81 transplantes de sangue do cordão umbilical, nos vários centros de transplantação nacionais. Duas crianças portuguesas com doenças hematológicas – anemia aplástica severa e imunodeficiência combinada severa – foram tratadas com células estaminais guardadas na Crioestaminal.

Porque é vantajoso guardar sangue do cordão umbilical para a minha família?

O parto é uma oportunidade única para colher células estaminais de forma simples e totalmente indolor, logo a seguir ao nascimento do bebé. A criopreservação assegura que estas ficarão disponíveis para o caso da criança ou um familiar compatível, por exemplo um irmão, precisar delas para tratamento. Esta é a opção de muitos pais em todo o mundo, estimando-se que haja mais de 5 milhões de unidades de sangue do cordão umbilical armazenadas em bancos familiares.

Quais os mais recentes progressos com estas células estaminais?

As aplicações terapêuticas do sangue do cordão umbilical têm conhecido extraordinários progressos nos últimos 30 anos. Um dos mais significativos foi o início da utilização destas células fora do contexto da transplantação hematopoiética. A primeira utilização de sangue do cordão umbilical em medicina regenerativa aconteceu em 2005, nos EUA, para o tratamento de uma criança com lesões neurológicas. Desde então, o sangue do cordão umbilical foi já utilizado no âmbito experimental em mais de 800 doentes. Outro avanço importante no campo da aplicação das células do sangue do cordão umbilical é a possibilidade de multiplicar as células estaminais em laboratório, de forma a obter um maior número de células para transplante. Um dos métodos que têm vindo a ser desenvolvidos apresentou, este ano, resultados muito favoráveis num ensaio clínico de fase 3, que contou com 125 participantes, tornando-o no candidato mais próximo de ser aprovado para utilização na prática clínica corrente. Os resultados anunciados revelam que a multiplicação das células em laboratório permite melhorar significativamente o tempo de recuperação hematopoiética, complicações pós-transplante e o tempo de hospitalização, parâmetros importantes para o sucesso do transplante.

O sangue do cordão umbilical pode vir ser usado para tratar outras doenças?

O sangue do cordão umbilical está a ser investigado para o tratamento de um número crescente de doenças, contando-se já mais de 230 estudos clínicos com estas células para novas aplicações. Nestes estudos, são preferencialmente usadas células do próprio, de forma a aumentar a segurança e sucesso do tratamento. Em particular, tem-se assistido a um uso crescente destas células no tratamento experimental de problemas do foro neurológico, como paralisia cerebral e autismo, associado à melhoria dos sintomas. Oito crianças portuguesas foram já tratadas com o seu sangue do cordão umbilical, guardado à nascença na Crioestaminal, para este tipo de aplicações.

Este e outros avanços vão dando forma às aplicações terapêuticas futuras das células do cordão umbilical, assentes na investigação científica atualmente a decorrer para um leque cada vez mais alargado de doenças.